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João Lourenço quer investimento russo para acelerar industrialização de África


O Presidente da República de Angola, João Lourenço, disse hoje que África "está cansada" da simples exploração dos seus recursos minerais e defendeu a industrialização do continente, convidando os investidores russos a olhar para as oportunidades em Angola.

João Lourenço, que discursou hoje na Cimeira Rússia-África, que decorre em Sochi, recordou "a solidariedade do povo russo" com os africanos no período das lutas de libertação contra as potências coloniais e sublinhou que este contributo pode ajudar a definir um modelo de cooperação que seja "mutuamente vantajoso" para África e para a Rússia.

Angola tem um plano para diversificar a economia e está a criar "um vasto espaço de negócios e condições seguras para acolher investimento estrangeiro", afirmou o chefe do executivo angolano, apontando áreas como o setor energético, o setor mineral, as telecomunicações, agricultura, a agroindústria ou a indústria de equipamentos agrícolas.
Na Íntegra o discurso proferido nesta quinta-feira, em Sochi, Rússia, pelo Presidente da República, João Lourenço, na Cimeira Rússia-África.

Sochi, 24 de Outubro de 2019

-Sua Excelência Vladimir Putin, Presidente da Federação da Rússia,

-Sua Excelência Abdul Fattah al Sisi, Presidente da República Árabe do Egipto e Presidente em Exercício da União Africana,

-Excelências Chefes de Estado e de Governo,
-Distintas Entidades,
-Minhas Senhoras, Meus Senhores,

É com grande satisfação que participo nesta Cimeira Rússia-África, uma iniciativa louvável a todos os títulos pela oportunidade de diálogo e de abordagem de temas de interesse comum, que oferece ao continente africano e ao país anfitrião, a Rússia.

Nós os africanos, de uma forma geral, beneficiamos de há longa data da solidariedade do povo russo durante o período das lutas de libertação contra as potências coloniais até ao alcance das nossas independências.

A República de Angola é bem a expressão dessa solidariedade que nos permitiu vencer o colonialismo, manter a Independência e a Soberania Nacional e construirmos a nação solidária que soube interpretar os anseios de liberdade de outros povos e ajudá-los na sua luta vitoriosa pela autodeterminação.

A contribuição do povo russo na libertação de África pode, nos dias de hoje, ajudar a definir um modelo de cooperação que seja mutuamente vantajoso para África e para a Rússia.

Temos preocupações comuns sobre as questões relacionadas com a sustentabilidade ambiental, a paz e a segurança mundial e, nestes domínios, há uma grande identidade de pontos de vista entre a Rússia e o continente africano, o que pode contribuir na busca de soluções dos problemas candentes que existem no planeta.

Excelências,
Minhas Senhoras, Meus Senhores,

Permitam-me salientar que está em curso um plano de diversificação da economia angolana, que criou um vasto espaço de negócios e condições seguras para acolher investimento estrangeiro, no sector energético, no sector mineral, na agricultura e agro-indústria, na indústria de equipamentos agrícolas, no sector das telecomunicações e outros.

Os investidores russos têm toda a liberdade para fazer as melhores opções de acordo com o interesse de cada um, num leque de inúmeras e diferentes oportunidades.

Tenho a salientar que há hoje uma nova visão dos líderes e dos principais actores da vida política, económica e social em África, que cansada da simples exploração e exportação de nossos recursos minerais em estado bruto, defende a necessidade da industrialização do continente como condição incontornável para o seu desenvolvimento.

Defendemos nas nossas relações uma cooperação que nos ajude a dar esse salto qualitativo de países exportadores de matérias primas para países exportadores de produtos manufacturados e industrializados.

Temos consciência de que o êxito da estratégia de desenvolvimento de África deve ter como pilar estruturante a capacitação técnica dos jovens africanos, que representam o grosso da população do continente e merecem, por isso, uma atenção especial, para que se tornem nos grandes protagonistas de um futuro próspero para África.

Neste aspecto particular, quero dar um grande destaque ao papel que a Rússia, num contexto diferente, desempenhou no capítulo da formação de quadros angolanos.

Nosso apelo vai no sentido de esperar que continuem a contribuir na formação de jovens angolanos naquelas áreas do saber mais consentâneas com a necessidade de desenvolvimento económico e social dos nossos países.

Excelências,
Minhas Senhoras, Meus Senhores,

O mundo em que habitamos nos nossos dias está a viver a era da revolução digital, sendo importante que a África e os jovens do continente se apetrechem dos meios e do necessário conhecimento nesta área, sem o qual não será possível assegurar-se o desenvolvimento do continente africano.

Também neste capítulo a Rússia pode desempenhar um papel determinante.

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