O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, afirmou hoje ser "um africano diferente" que manteve a palavra de não se recandidatar a um novo mandato na liderança do partido, acusando jornalistas e analistas de caírem na armadilha dos seus adversários.
Um dia depois de encerrar o prazo para a formalização de candidaturas dos seus cinco potenciais sucessores (Adalberto da Costa Júnior, Alcides Sakala, Kamalata Numa, José Pedro Kachiungo e Raul Danda), Isaías Samakuva convocou uma conferência de imprensa para justificar o que disse ser um "alegado silêncio".
"Decidi fazer esta comunicação para clarificar o badalado equívoco sobre o alegado silêncio e indecisão, e uma hipotética candidatura a mais um mandato", declarou, enunciando vários momentos em que declarou aos angolanos a vontade de não continuar no cargo de presidente da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), desde 2016.
Em 2017, antes e durante a campanha eleitoral, manifestou essa intenção, tendo acedido ao pedido da comissão política, que se reuniu em dezembro desse ano, pedindo-lhe que presidisse à UNITA até terminar o mandato, em 2019.
"[Em fevereiro último] reafirmei aos angolanos (...) que deixaria a liderança do partido no fim deste mandato, após a tomada de posse do terceiro presidente da UNITA", que vai ser eleito pelo XIII Congresso Ordinário, adiantou Samakuva.
O presidente da UNITA questionou: "Onde está o discernimento político dos cidadãos, mas, sobretudo, de analistas e jornalistas? Como poderei eu confiar no que se escreve ou se diz como análise, se, afinal, as pessoas são tão facilmente levadas numa cantilena por agendas inconfessas de adversários da unidade e da coesão?".
Isaías Samakuva criticou, sem especificar, "os adversários" da sua integridade moral, que decidiram transformá-lo na figura central do XIII Congresso, "numa tentativa de condicionar a sua agenda e os seus resultados", uma "armadilha", em que "os 'media', consciente ou inconscientemente" participaram.
"Espero que agora que o prazo da formalização das candidaturas terminou se apercebam de que Samakuva é um africano diferente", atirou, insistindo: "Faz algum sentido falar em silêncio ou indecisão de Samakuva quando este já havia repetido várias vezes, e afirmado, que não se recandidataria?".
Melhor candidato é "o que os números decidirem"
O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, afirmou hoje que o melhor candidato à sua sucessão é aquele que os números mostrarem que reúne "mais simpatia" dos delegados do partido, salientando que "nada está adquirido" até à votação final.
Numa conferência de imprensa em Luanda, um dia depois do prazo final para a formalização de candidaturas, Isaías Samakuva não assumiu preferências por qualquer dos potenciais sucessores que estão na corrida à liderança da União Nacional para a Independência Total de Angola, afirmando que "apoia a UNITA".
Apresentaram a sua candidatura à liderança do partido Adalberto da Costa Júnior, Alcides Sakala, Kamalata Numa, José Pedro Kachiungo e Raul Danda.
Para Isaías Samakuva, "o melhor candidato é aquele que os números dos eleitores vierem a mostrar que reúnem mais simpatia do eleitorado", ou seja, os 1.150 delegados de todas as províncias que vão escolher o novo presidente da UNITA no XIII Congresso Ordinário do partido, que se realiza entre 13 e 15 de novembro.
"Quando se vai para uma eleição há muita coisa em jogo, há os que apreciam a fisionomia da pessoa, há outros que apreciam a eloquência, há outros que vão apreciar o bom senso e a calma, outros que vão apreciar a simpatia, a amizade", considerou, a propósito dos fatores que influenciarão os votantes.
O ainda líder acrescentou ter "experiência disso" e notou que "quando se vai para eleição nada está adquirido até o resultado do voto sair".
Questionado sobre se o seu sucessor adotará uma linha de rutura ou continuidade com a atual orientação da UNITA, o dirigente do maior partido da oposição angolana afirmou que "aquele que for eleito vai implementar aquilo que o congresso vier a decidir e a determinar".
E avisou: "Se alguém que seja eleito e que assume a liderança do partido, começa a fazer coisas da sua livre vontade certamente que vai obter um 'não'" dos militantes, "mesmo que seja a meio do mandato".
Isaías Samakuva disse que, de um modo geral, quem vai liderar a UNITA é proveniente dos líderes ou da direção do partido e que é esta a altura de apresentar e debater as ideias, para que depois "não venham com surpresas".
O atual presidente reforçou que esta é a forma de trabalhar da UNITA, afirmando sobre o novo líder: "Ai dele se agora der a entender aos militantes que vai romper com a linha que o partido decidir, porque nem vai passar".
Para Samakuva, a linha política a seguir é a que vai sair do congresso e, por isso, o candidato eleito deve "fazer aquilo que o congresso determinar".
O dirigente do partido do "Galo Negro", realçou que na UNITA "o que conta não são tanto as pessoas, mas a máquina partidária", que tem de estar "bem afinada" para trabalhar "em conjunto com todos os companheiros".
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