O Primeiro-Ministro etíope, Abiy Ahmed, e prémio Nobel da Paz deste ano, admitiu, ontem, que o seu país poderá mobilizar milhões de pessoas, se entrar em guerra com o Egipto devido ao diferendo sobre uma barragem, mas defendeu antes o recurso ao diálogo. Segundo a agência Reuters, o governante defendeu que o impasse apenas pode ser ultrapassado com negociações.
Primeiro-Ministro etíope promete concluir as obras no Nilo Fotografia: DR
O político falava durante uma sessão de perguntas e respostas no Parlamento, em Addis Abeba, naquela que foi a primeira aparição pública desde que venceu o Nobel da Paz, no dia 11 deste mês.
Abiy Ahmed defendeu a distinção, depois de ter sido questionado sobre se a mereceu. “Algumas pessoas estão a ter dificuldades a aceitar o prémio Nobel da Paz. Já foi atribuído ao Abiy, e não lhe vai ser retirado. É isto! Este é um assunto encerrado! Agora o nosso foco deveria ser como motivar outros jovens a vencer o prémio. As pessoas que continuam a insistir nisto estão a perder tempo”, sustentou. O Primeiro-Ministro, de 43 anos, que recebeu o prémio devido às importantes reformas políticas que desenvolveu e por ter garantido a paz com a Eritreia, rival de longa data, respondeu a perguntas dos deputados sobre vários temas sensíveis, nomeadamente a Grande Barragem do Renascimento Etíope.
No início do mês, fracassaram as negociações sobre a construção da barragem, com um custo estimado em cinco mil milhões de dólares. Setenta por cento do projecto está completo e espera-se que venha a providenciar electricidade aos 100 milhões de etíopes.
No entanto, o Egipto, com uma população semelhante, receia que a barragem hidroeléctrica, no Nilo, vá reduzir a sua parte do rio, procurando defender a sua principal fonte de água fresca. A imprensa egípcia pró-Governo colocou a questão como uma ameaça à segurança nacional que poderia justificar acções militares.
Mas Abiy Ahmed garantiu que a Etiópia está determinada em terminar o projecto, que foi iniciado por executivos anteriores, “porque é excelente”.
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